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CRISPR - A TECNOLOGIA QUE VAI MUDAR O MUNDO

  • Foto do escritor: Eukarya
    Eukarya
  • 28 de out. de 2021
  • 3 min de leitura

Atualizado: 29 de nov. de 2021

A ciência, a par da tecnologia, evolui muitas vezes como forma de dar resposta a problemas da sociedade antes sem solução. É o caso do CRISPR, uma tecnologia inovadora, inventada no início da última década, com potencial para revolucionar a vida tal como a conhecemos. A professora e pesquisadora francesa Emmanuelle Charpentier e a bioquímica estadunidense Jennifer Doudna são consideradas as pioneiras na sua utilização, tendo sido galardoadas com o prémio Nobel da Química de 2020.

O CRISPR, acrónimo para Clustered Regularly Interspaced Short Palindromic Repeats, em português, Repetições Palindrómicas Curtas Agrupadas Regularmente Interespaçadas, consiste num componente de sistemas imunitários bacteriais que foi adaptado por cientistas. Este trabalho culminou numa tecnologia que permite modificar partes do genoma, alterando, removendo ou adicionando secções da sequência de DNA. Atualmente, é o método mais eficaz, versátil, barato e preciso de manipulação genética.


Mas, afinal, como funciona?

Esta tecnologia funciona sempre em conjunto com uma enzima, na maioria dos casos a enzima Cas-9, e uma sequência de RNA. Através da tecnologia CRISPR, são criadas em laboratório sequências customizadas que, mais tarde, serão transcritas em sequências de RNA, capazes de guiar o sistema até à sequência de DNA pretendida. Aqui, a enzima, que seria utilizada pelas bactérias para desativar segmentos do DNA de vírus, liga-se à cadeia de DNA e corta-a, dando-se a remoção desse gene e/ou a adição de sequências de DNA. Versões modificadas da enzima Cas-9 têm efeitos diferentes no DNA, como a ativação de certos genes, ao invés do seu corte, o que permite aos pesquisadores estudar aquele gene específico.


E para que serve?

Em apenas alguns anos, o CRISPR teve um enorme impacto na ciência, levando a grandes avanços na medicina e na bioquímica. O desenvolvimento desta tecnologia está associado a uma expectativa de descoberta da cura de milhares de doenças genéticas consideradas incuráveis até há poucos anos. A técnica que permite a modificação do genoma humano, apesar de ainda estar em fases iniciais, é projetada para servir de tratamento a doenças como o cancro, doenças neurogenerativas, doenças sanguíneas e ainda Alzheimer, entre muitas outras.

Os primeiros testes clínicos da tecnologia CRISPR deram-se em 2019, em pacientes com cancro e doenças sanguíneas, a quem era removidas células. Numa fase inicial, o DNA nestas contido era editado, de forma a ganhar a habilidade de se defender da doença, seguindo-se a injeção das células de volta no corpo. No início de 2020, a tecnologia foi utilizada pela primeira vez no interior do corpo humano. Cientistas da Oregon Health and Science University, nos Estados Unidos, começaram testes clínicos para o tratamento de uma doença genética causadora de cegueira que, até à data, não tinha qualquer tratamento, através de uma injeção no olho.

Além do tratamento efetivo de doenças, esta tecnologia tem também aplicações como o seu diagnóstico, nomeadamente o da Covid, e a criação de alimentos geneticamente modificados (OGMs). Neste último caso, a tecnologia permite, por exemplo, a adição de nutrientes, a remoção do glúten ou agentes que causam alergias ou ainda o aumento da validade destes alimentos, sem o uso de químicos. Estes fatores refletem-se numa diminuição do desperdício alimentar e num maior acesso a comidas saudáveis, uma vez que o seu custo diminui. A modificação genética de certas algas também pode ter um grande impacto na indústria das bioenergias.

Por fim, a tecnologia CRISPR poderá trazer de volta espécies extintas. O primeiro candidato é o pombo passageiro, uma espécie natural da América do Norte. Utilizando este método, os pesquisadores tencionam introduzir genes da espécie extinta ao seu parente de hoje em dia. De seguida, os híbridos serão reproduzidos por várias gerações até que o seu DNA seja igual ao da espécie até então extinta.

Como se pode ver, a tecnologia CRISPR é muito promissora e poderá, numa questão de alguns anos, mudar completamente a vida neste planeta como a conhecemos.


Para quem quiser saber mais, recomendamos a visualização do seguinte vídeo:


 

Referências:

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