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MUTAÇÕES (NÃO) ALEATÓRIAS

  • Foto do escritor: Eukarya
    Eukarya
  • 14 de mar. de 2022
  • 2 min de leitura

Atualizado: 27 de abr. de 2022

Desde que compreendemos as ideias de Darwin e estudamos a sua teoria evolucionista que temos como dado inquestionável a ocorrência de mutações sempre de forma 100% aleatória. Contudo, de acordo com um novo estudo da Universidade da Califórnia e do Instituto Max Planck, na Alemanha, esta ideia pode estar, até certo ponto, errada.

Neste estudo, foram utilizadas plantas da espécie Arabidopsis thaliana, uma planta com flor de pequenas dimensões. Esta é comummente utilizada no estudo da genética, uma vez que o seu genoma é constituído apenas por 120 milhões de pares de bases (o humano tem cerca de 3 mil milhões). Além disso, o seu ciclo de vida é muito curto, o que significa que mutações se podem acumular através muitas gerações. Foi, também, a primeira planta cujo genoma foi completamente sequenciado.

Ao longo de 3 anos, os investigadores plantaram centenas de plantas em condições laboratoriais. No total, sequenciaram 1700 genomas e encontraram mais de 1 milhão de mutações. Porém, ao analisar estas mutações, descobriram que as partes dos genomas que contêm genes codificantes (exões) eram muito menos propícias a sofrerem mutações do que os genes não codificantes (intrões).


Este padrão não aleatório de mutações entre zonas de genes codificantes e não codificantes sugere a existência de um mecanismo de defesa que proteja o organismo de mutações que causem danos severos. "Em genes que codificam proteínas essenciais para a sobrevivência e reprodução, é mais provável que as mutações tenham efeitos nocivos, causando, potencialmente doenças, ou, até, a morte.", disse Grey Monroe, autor principal do artigo

Os cientistas descobriram que, para se protegerem, os genes essenciais enviam sinais especiais para proteínas que reparam o DNA. "Com base no nosso estudo, descobrimos que regiões dos genes, especialmente os genes biologicamente essenciais, estão envolvidos em histonas com marcadores químicos particulares.", disse Monroe. "Pensamos que estes marcadores químicos estão a atuar como sinais moleculares para promover a reparação do DNA nestas regiões.", acrescentou.


A ideia de que histonas têm marcadores químicos únicos não é nova. Estudos anteriores em pacientes oncológicos já haviam descoberto que estes marcadores químicos podem afetar a eficiência de proteínas reparadoras de DNA. Todavia, esta é a primeira vez que estes marcadores são vistos tendo influência em padrões de mutações ao nível do genoma e, como consequência, na evolução por seleção natural.


Os investigadores esperam que as suas descobertas possam vir a ser utilizadas para melhorar a medicina humana. "As mutações afetam a saúde humana de várias maneiras, sendo uma causa do cancro, doenças genéticas e do envelhecimento. Poder proteger certas regiões do nosso genoma pode ajudar a prevenir ou a curar estes problemas", disse Monroe.


 

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