top of page

VACINA CONTRA O CANCRO

  • Foto do escritor: Eukarya
    Eukarya
  • 28 de fev. de 2022
  • 3 min de leitura

Atualizado: 28 de mar. de 2022

Com a mais recente pandemia de Covid-19, as vacinas mRNA ocuparam o centro das atenções e foram vistas como a luz ao fundo do túnel. Além de úteis contra este vírus, esta tecnologia pode também chegar a ser uma mais valia na luta contra o cancro.


Decorria o mês de fevereiro de 2019 quando Molly Cassidy, uma estudante de direto, sentiu uma dor horrível no ouvido. Essa dor passou para a zona do maxilar o que a levou a descobrir um caroço na língua. Vários médicos disseram-lhe que podia ser do stress por estar a estudar direito e ter um filho de 10 meses, contudo, depois de continuar a sua procura por cuidados médico, Molly descobriu que tinha uma forma agressiva de cancro da cabeça e do pescoço que requeria tratamento intensivo.

Depois de ter de remover parte da sua língua e de 35 sessões de radiação e de três ciclos de quimioterapia, Molly reparou num novo caroço na zona da clavícula. O cancro tinha regressado e com mais força do que anteriormente, desta vez, espalhou-se pelo pescoço e pelos pulmões. “No verão de 2019, disseram-me que o meu cancro era demasiado grave e para eu organizar as minhas coisas. Até planeei o meu funeral.”


Foi então que, Julie E. Baumen, vice-diretora do Centro Oncológico da Universidade do Arizona e membro da equipa de médicos de Molly, lhe propôs que participasse no seu ensaio clínico que estudava vacinas personalizadas contra o cancro combinadas com um medicamento de imunoterapia que ajuda o sistema imunológico a combater certos tipos de cancro. E como estava com falta de tempo e opções, a jovem aceitou.


Com a chegada da Covid-19 as pessoas começaram a ouvir falar, pela primeira vez, na nova tecnologia das vacinas mRNA. Apesar de só chegar aos ouvidos do mundo com a pandemia, antes desta, já os investigadores estavam a desenvolver vacinas deste tipo para combater o cancro, doenças autoimunes e doenças infeciosas.


Atualmente, estão em andamento ensaios clínicos de fase um e dois com o objetivo de avaliar a segurança, tolerabilidade e eficácia das vacinas contra o mais diverso tipo de cancros, desde o cancro do pâncreas ao cancro dos pulmões ou dos ovários.


“Uma das coisas boas desta tecnologia é poder ser usada em vários casos – não importa se é cancro da mama ou do pulmão, desde que seja possível identificar as mutações”, diz Van Morris, médico e professor assistente de oncologia médica gastrointestinal no Centro Oncológico MD Anderson da Universidade do Texas, em Houston.


Ao longo de 27 semanas, Molly recebeu nove injeções de uma vacina mRNA personalizada para ela e também infusões intravenosas de Pembrolizumab – um medicamento de imunoterapia. Nos primeiros tempos, Molly visitava a sua médica semanalmente e depois apenas a cada três semanas. Fazia ainda tomografias computadorizadas com regularidade. A cada injeção o seu corpo reagia com febre e dores no corpo.

Em outubro de 2020 o que se dizia impossível aconteceu, as tomografias realizadas por Molly não mostraram nenhuma evidência de cancro no seu corpo – o pesadelo acabou.



COMO FUNCIONAM AS VACINAS PERSONALIZADAS


Com uma abordagem personalizada para cada paciente, uma amostra de tecido do tumor é retirada e o seu DNA é analisado de forma a descobrir mutações que distingam as células normais das células cancerígenas. Essa análise e comparação de DNA é feita com a ajuda de computadores. Os resultados são então usados para fabricar uma molécula de RNA que irá para a vacina. Este processo demora normalmente cerca de 8 semanas.


Quando um paciente recebe a molécula de RNA através da vacina, esta vai “treinar” as suas células T do sistema imunitário, que são os glóbulos brancos que ajudam no combate aos vírus, de forma a que reconheçam até 20 mutações nas células cancerígenas e atacar apenas essas.


 

Referências:

Comments


bottom of page